BPO - Batista Pereira & Oliveira - Advogados e Associados
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Por Gabriela Santos

No ano passado, vimos a volta do crescimento econômico ao redor do mundo, com o nível do PIB global mais forte e mais abrangente desde a crise financeira e 2008 e 2009.

Os primeiros indicadores econômicos de 2018 apontam para a continuação desse bom ritmo de crescimento nas principais regiões do mundo: EUA, Europa, Japão, Ásia e América Latina. Porém, o mês de fevereiro nos lembrou que, ao longo deste ano, teremos que considerar algumas perguntas difíceis: será que o nível de inflação está realmente aumentando nos países desenvolvidos? Será que podemos enxergar no horizonte o fim do ciclo econômico dos EUA? Será que teremos uma guerra comercial iniciada pelo governo dos EUA?

Não teremos respostas concretas para essas perguntas por um bom tempo, mas investidores continuarão a debatê-las ao longo do ano. Nesse contexto, ainda esperamos um bom ano de crescimento econômico, com retornos superiores em ativos de risco, mas com níveis de volatilidade mais altos do que nos últimos dois anos.

Depois da crise financeira global, nos acostumamos a pensar que a inflação nunca voltaria para países como Estados Unidos, Europa e Japão. De fato. Por muitos anos a inflação nesses países permaneceu abaixo da meta de seus bancos centrais, levando até a medos de “deflação”.

As razões eram relativamente simples: o crescimento permanecia anêmico, a taxa de desemprego estava muito alta e a queda profunda do preço do petróleo em 2014 também não ajudou. Com isso, os bancos centrais desenvolvidos tiveram a necessidade, e a desculpa, de manter os juros muito baixos e de experimentar programas de alívio quantitativo.

Agora a situação é bem diferente: o crescimento está acelerando, a taxa de desemprego continua a cair, e o preço do petróleo está muito mais estável. Nesse contexto, já se foram os medos de deflação, substituídos por uma compreensão de que a inflação está voltando à meta, principalmente nos EUA.

Com isso, devemos esperar mais normalização da política monetária de bancos centrais desenvolvidos ao longo deste ano. Isso seria um bom sinal de saúde econômica, mas poderá continuar a criar um pouco de turbulência nos mercados acionários de vez em quando, como tivemos em fevereiro.

É crítico não levar essa conclusão ao extremo: a inflação está voltando à meta nos EUA, mas está longe de virar um sério problema que levaria o Federal Reserve a subir os juros de uma maneira muito agressiva. A normalização de juros nos EUA deve continuar de uma forma extremamente gradual e ainda em níveis muito baixos.

Com isso, as três ou quatro subidas de juros que esperamos neste ano não devem prejudicar a economia americana. Além
disso, quando olhamos os principais setores da economia dos EUA, não vemos sinais de excessos.

Ou seja, ainda acreditamos que a expansão continua nos EUA e que ainda temos alguns anos antes da próxima recessão americana. Porém, como já estamos na parte mais madura do ciclo, essas perguntas continuarão a aparecer e a causar um pouco de volatilidade.

Nas últimas semanas tivemos que adicionar uma terceira preocupação: será que teremos uma guerra comercial que atrapalhará o bom ritmo de crescimento global? Certamente a balança comercial é uma prioridade este ano para o presidente Trump. Porém, até agora, as medidas concretas já anunciadas têm sido limitadas.

Será importante monitorar os detalhes adicionais, em particular com relação às investigações mais abrangentes contra a China e com relação ao acordo do Nafta. Acreditamos que no fim do dia não será do interesse de nenhum país escalar um confronto comercial à uma guerra comercial global.

Nesse caso, a economia global continuaria a acelerar. Porém, não saberemos os detalhes finais por algum tempo, então as manchetes podem continuar a causar flutuações nos mercados.

Apesar de continuarmos a debater ao longo do ano a volta da inflação nos EUA e seus efeitos na política monetária americana, a aproximação do fim do ciclo nos EUA, e a probabilidade de uma guerra comercial global, acreditamos que continuaremos a ver um bom ritmo de crescimento econômico este ano ao redor do mundo.

Com isso, devemos ter um outro ano de um bom crescimento de lucro das empresas globais, o que deve levar a um retorno superior em ações globais em comparação à renda fixa global. Porém, devemos sim esperar níveis mais “normais” de volatilidade.

Para o mercado acionário americano, isso se traduz em esperar uma queda durante o ano de 10% uma vez por ano, e de 5% uma vez por trimestre. Isso não quer dizer que teremos um ano de retorno negativo.

Historicamente, desde 1980 as ações americanas sofrem uma queda média ao longo do ano de 14%, mas têm um retorno positivo para o ano como um todo quase 80% do tempo. Ou seja, na maioria dos casos, períodos de volatilidade são normais, como um pouco de turbulência durante um voo – e podem até ser uma oportunidade.

Fonte: Valor Econômico

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