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Abrir capital no Brasil custa quase a metade que nos EUA

A bolsa brasileira tem um argumento poderoso para ajudá-la em sua empreitada de atrair companhias locais para listagem e demovê-las da ideia de uma oferta única em bolsas americanas. Conforme uma pesquisa recém-concluída pela consultoria PwC em parceria com a B3, o custo da abertura de capital no Brasil é quase a metade do custo de listagem em bolsas americanas. Também é menor o custo de manutenção como empresa aberta.

Uma oferta pública inicial de ações (IPO) custa, em média, de 2,5% a 5,6% do volume captado. Quanto maior a oferta, mais diluídos os custos. Ou seja, o menor percentual vale para ofertas acima de US$ 1 bilhão e o maior é registrado em ofertas de até US$ 100 milhões. Nos Estados Unidos, essa média varia de 4% a 11,7%, conforme o tamanho da oferta.

“A comparação é percentual, sobre a base em dólares, para não ter distorção por câmbio”, explica Kieran McManus, sócio da PwC Brasil. “Os custos para os mercados brasileiro e americano têm diferenças maiores do que esperávamos.

” A consultoria analisou os dados de IPOs realizados no Brasil de janeiro de 2004 a abril de 2018 e entrevistou diretores financeiros e de relações com investidores. Nesse período, 182 empresas brasileiras fizeram IPO, sendo 97% delas no Brasil. Os dados foram comparados com uma pesquisa de custos feita anteriormente pela PwC exclusivamente nos Estados Unidos.

Os custos de se manter como empresa aberta também são menores no Brasil. Variam de acordo com o mercado em que a companhia atua e sua especificidades regulatórias. Para 66% das empresas brasileiras consultadas, o custo de operação como companhia aberta anual é menor do que US$ 400 mil. No mercado americano, 67% das empresas apontam gasto anual entre US$ 1 milhão e US$ 1,9 milhão.

Conforme a pesquisa, a comissão dos bancos coordenadores da oferta é o componente mais relevante dos custos de um IPO. O valor está atrelado ao sucesso da oferta, medido como proporção do valor captado. Em valores absolutos, a média nos EUA para ofertas entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão é de US$ 35,6 milhões em comissões. No Brasil, nessa mesma faixa, é de US$ 20,8 milhões. Ofertas menores, que tem sido mais recorrentes no país, geram US$ 7,9 milhões em comissões aos coordenadores no Brasil, ante US$ 10,3 milhões no mercado americano.

Apesar da diferença de custos, poucas companhias se surpreendem com o gasto. Para 55% no Brasil e 53% nos Estados Unidos, os custos estavam alinhados com as expectativas. Faz diferença nos custos totais de preparação para o IPO o fato de que as empresas brasileiras dedicam bem menos tempo e ajustes à preparação para ofertas: 72,7% se preparam em menos de seis meses. Nos EUA, esse prazo é de seis a nove meses. “Mas há uma fase anterior de planejamento e preparação no mercado americano, que dura entre 12 e 18 meses”, ressalta McManus.

A principal motivação para uma oferta inicial no Brasil, conforme as companhias, é a necessidade de captar recursos, seguida do suporte ao processo sucessório na empresa e de aumento de visibilidade da empresa. “É relevante também notar que as empresas percebem uma redução em seus custos de captação de recursos quando são abertas”, diz Felipe Paiva, diretor de relações institucionais da B3.

Para ele, o estudo serve para desmitificar algumas questões levantadas por companhias no país. “Muitos empresários acham que vão ter um custo muito alto, mas em média é de menos de 1% do faturamento para ser empresa aberta”, ressalta Paiva.

Ele diz que a B3 vem conversando com as companhias, gestores e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre formas de tornar a listagem local ou a dupla listagem mais atrativa. “Algumas alterações regulatórias que facilitam a dupla listagem estão na pauta prioritária da CVM este ano”, diz.

Empresas listadas nos EUA dizem que a precificação e a liquidez no mercado americano tendem a compensar os custos maiores da listagem. “Temos acesso a investidores globais que não estariam na nossa base no Brasil”, diz o diretor de relações com investidores de uma empresa listada na Nasdaq. “Já ouvimos considerações desse tipo ou mesmo da diferença entre estar no Novo Mercado da B3 ou Nível 2. Mas não avaliamos a questão de precificação e de liquidez nesse estudo”, pondera McManus.

 

Fonte: Valor Econômico

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