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Montadora alemã tem desafio de implantar no país a transformação do velho jeito de produzir e vender veículos.

“Está bom. Mas podemos pensar em algo diferente?”. Quem trabalha com Aksel Krieger, presidente da BMW no Brasil, provavelmente já enfrentou esse tipo de provocação ao menos uma vez desde fevereiro do ano passado, quando o executivo brasileiro formado na montadora retornou ao país para assumir a operação local. Quem trabalha com ele também já percebeu que a palavra rotina está fora do seu vocabulário. Entre os vários objetivos de Krieger no novo cargo está o desafio de implantar na BMW Brasil a transformação do velho jeito de produzir e vender carros em uma empresa de tecnologia de ponta que ofereça produtos que proporcionem “experiências”.

A quebra de paradigma que Krieger e todo o setor buscam passa necessariamente por uma abertura para dentro e para fora da empresa. O executivo mudou o dia a dia do escritório em São Paulo. A sala do presidente fica com a porta aberta, os funcionários estão liberados de roupas mais formais – que inclui o fim da gravata e o uso de tênis -, há um painel para posts com sugestões, as reuniões são feitas com maior interação entre vários departamentos e existe um incentivo para que os quase 600 funcionários não tenham medo de errar ao tentar inovar.

“Temos de ter uma mentalidade de startup”, afirma Krieger. E conseguir atingir a agilidade e criatividade de uma startup pode definir quem vai sobreviver num futuro não muito distante. “A indústria [automotiva] que tem 100 anos, viveu nos últimos cinco sua maior transformação. Nunca se viu tanta tecnologia embarcada, tanta integração. É uma transformação muito rápida”, diz. Seguindo a orientação da matriz, Krieger está aberto a sugestões de startups e pode até se tornar acionista de alguma.

Para fora da empresa, Krieger defende uma inversão na relação com os clientes. Não se deve mais esperar que o cliente entre numa loja, mas levar os produtos até ele. Ele fala em “oferecer experiência” para atrair o cliente. “Temos um cliente com nível de exigência mais alto. Temos de estar sempre inovando. O segmento premium sempre teve essa característica de buscar a inovação e queremos superar a expectativa do cliente. Estamos sempre empurrando as fronteiras”, diz, lembrando que em motos oferecer essa “experiência” é ainda mais significativa.

Krieger, no entanto, pondera que essa busca pelo novo tem limites. E o limite são as linhas de produção. Tanto na fábrica de carros em Araquari (SC) como na de motos em Manaus AM) as mudanças nas linhas de produção são mais lentas. A montadora alemã não quer colocar em risco a imagem de qualidade associada à marca BMW e que a posiciona entre as líderes no segmento premium no país.

No ano passado, foram emplacados 13,1 mil carros da marca no país, crescimento de 15% sobre 2018. O segmento premium, segundo a montadora, cresceu 1%. Desse total, 85% foram montados em Santa Catarina, onde são produzidos cinco modelos. A fábrica tem capacidade para 30 mil unidades ano e trabalha hoje com um turno em cada uma das duas linhas de produção. Em motos, o crescimento da BMW divulgado pela Abraciclo, que representa os fabricantes de motos, foi de 35,7%, com o emplacamento de 10,3 mil unidades. Se levado em consideração só o segmento premium, com motos acima de 500 cilindradas, a alta foi de 42,3%. Nesse caso 99% das motos vendidas foram produzidas em Manaus. O índice geral de nacionalização da BMW no Brasil é de 40%.

Krieger está otimista com 2020, tendo como base um desempenho no ano passado acima do esperado. A montadora tinha como meta crescer 10% em volume e fechou o ano com 15% de expansão. O faturamento, não divulgado, também cresceu acima da expectativa. “Nunca entramos em guerra de preço. Temos um produto que nos permite trabalhar com posicionamento muito correto de mercado”, diz ele. Neste ano a BMW completa 25 anos no Brasil. E tem como meta vender mais de 25 mil unidades, entre carros e motos. Também planeja lançar 25 produtos, entre novos e variações dos modelos já oferecidos. O destaque é a maior oferta de carros eletrificados, principalmente os híbridos.

O primeiro modelo eletrificado da marca foi lançado no Brasil em 2014. Entre o lançamento e 2018 foram vendidas 300 unidades. Em 2019, foram mais 300 carros. A expectativa é vender, apenas neste ano, mil carros eletrificados. “O híbrido é uma boa solução para o Brasil. Vejo como uma ponte entre um mundo [de carros] a combustão para um completamente elétrico”, diz. Estão planejados ainda 25 eventos de tecnologia e inovação, incluindo parcerias com startups e universidades.

Formado em administração de empresas, Krieger entrou na BMW em 2000 como estagiário e fez carreira no braço financeiro da montadora. Passou pela Alemanha, África do Sul e China, de onde veio para o Brasil. Sua formação financeira, lembra, o ajuda a entender as particularidades do país. Ao lado do custo logístico, a questão tributária é o que mais pesa no chamado “custo Brasil”. “Meu time de finanças é três vezes maior que meu time de vendas”, conta com certa ironia. “Temos de dedicar tempo ao que realmente interessa, ao que vai gerar negócios, vai gerar emprego”, defende. Se tem algo que a “nova BMW’ não quer mais fazer, é justamente continuar fazendo como se fazia no passado.

Fonte: Valor Econômico

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