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Por Assis Moreira | De Colônia (Alemanha)

O Mercosul ofereceu à União Europeia (UE) uma cota para entrada de carros europeus com tarifa 50% menor do que a atual, pelo período de sete anos, conforme o Valor apurou. Isso significa que a alíquota de importação cairia de 35% para 17,5% sobre determinado volume, ainda não negociado, de carros europeus. Após o prazo de sete anos, começaria a redução da tarifa sobre automóveis europeus, até a eliminação oito anos depois.

A sinalização dada pelo Mercosul é vista como uma demonstração a mais do interesse do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai em concluir a negociação do acordo de livre comércio, que seria oito vezes mais importante do que o acordo UE-Canadá e quatro vezes maior que o acordo UE-Japão.

Essa proposta poderia atender, de uma outra forma, a exigência – que parece ainda estar em consideração entre montadoras europeias – de que o Mercosul faça um choque de liberalização logo na implementação do acordo, com corte de cinco pontos percentuais na tarifa sobre todas as importações de carros, passando de 35% para 30%, que seria mantido na fase de transição de sete anos.

Na realidade, quem pediu esse período de proteção no mercado brasileiro foram as filiais das alemães BMW e Audi, as montadoras que fizeram os investimentos mais recentes no país.

O Mercosul sinalizou à UE que está disposto a retomar as barganhas em julho, em Bruxelas, para tentar anunciar um acordo político de livre comércio ainda no verão europeu. A ideia do bloco é de os negociadores chegarem a Bruxelas no dia 9, uma semana antes da cúpula da Comunidade de Países Latino-americanos e do Caribe (Celac) e UE, marcada para 16 e 17 de julho. No entanto, o Mercosul não recebeu até agora a luz verde da UE para que essa reunião possa acontecer.

Para Andreas Renschler, presidente da Comissão para América Latina da Indústria Alemã (LADW) e membro do “board” mundial do grupo Volkswagen, as ameaças do presidente americano Donald Trump de impor sobretaxas na entrada de carros europeus termina por dar um forte estímulo à conclusão das negociações UE-Mercosul. “Isso ajuda a colocar pressão nos dois blocos, e a ver que as coisas podem se tornar ruins [sem o acordo].”

O presidente da Federação das Indústrias Alemães (BDI), Dieter Kempf, deu a mesma mensagem, pedindo ao governo alemão para defender a conclusão rápida do acordo diante do conflito com os EUA e da vantagem que as empresas europeias terão no Mercosul. “Ao reduzir as tarifas, as empresas europeias economizariam mais de EUR 4 bilhões por ano.”

Entre os pontos ainda pendentes, está a questão do drawback (importação de insumos com isenção de tarifa para produzir bens de exportação), que o Brasil não abre mão. Cerca de 25% das exportações brasileiras usam esse instrumento. Os europeus querem sua eliminação. Há também questões sobre regras de origem e indicação geográfica, mas negociadores consideram que há meios de contornar as dificuldades, se houver real vontade política de avançar.

Ocorre que a Comissão Europeia, que negocia pelos países da UE, continua obtendo concessões do Mercosul e depois não coloca nada mais na mesa. Essa tática levou recentemente o Uruguai a demonstrar exasperação com reuniões sem fim. Partiu do governo brasileiro fazer prevalecer a mensagem de que o bloco continua empenhado em tentar concluir a negociação birregional.

Fonte: Valor Econômico

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