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Os fabricantes de veículos elétricos precisam saber como lidar com o descarte de suas baterias, que pode ser um problema ambiental sério no futuro, revela um estudo da Universidade de Birmingham

Responsáveis por 27% dos gases que causam o efeito estufa, de acordo com o Fundo de Defesa Ambiental Americano (EDF, na sigla em inglês), os carros sempre foram os principais vilões na luta por um mundo mais sustentável. A solução proposta pela indústria automotiva foi a adoção dos carros elétricos, cujos modelos ganham novas bandeiras e mercados.

De fato, os veículos que dispensam gasolina e outros combustíveis fósseis cumprem sua missão de eliminar a emissão de gases poluentes, mas parecem não ser, pelo menos ainda, uma resposta definitiva aos problemas ambientais por um pequeno detalhe: a bateria.

O “combustível” de qualquer modelo elétrico contém materiais que são prejudiciais ao meio ambiente, como lítio, cobre, alumínio, cobalto e níquel. “Ingredientes” que, diante do descarte incorreto, podem ser tóxicos ao solo e à água.

Segundo uma pesquisa liderada por acadêmicos da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, os veículos elétricos vendidos apenas em 2017 irão acarretar, num futuro não tão distante, em 250 mil toneladas de baterias descartadas. E o cenário se agrava diante diante de uma infraestrutura mal preparada para lidar com esse e outros lixos eletrônicos.

O texto assinado pelos cientistas pondera que uma bateria pode ter uma vida útil de até 20 anos, mas com o aumento dos carros elétricos, o descarte desse material tende a crescer – e se acumular.
“É importante que antecipemos certos problemas antes que eles aconteçam”, explica um dos autores do estudo, o pesquisador Gavin Harper. “Vimos isso, no passado, com pneus de automóveis, geladeiras e outros bens que criam verdadeiras montanhas de lixo quando não agimos de forma preventiva nessa questão.”

Autor do livro “Reassembling Rubbish” (algo como “Remontando o lixo”, em tradução livre), o geógrafo canadense Josh Lepawsky, professor da Memorial University, revelou, em conversa com o NeoFeed, que os descartes eletrônicos são mais desafiadores. “Porque levam diversos componentes e materiais, os eletrônicos são uma incógnita para a indústria, que ainda não aprendeu a lidar com essa realidade”, diz Lepawsky.

Uma das saídas apontadas por Lepawsky é o recondicionamento dessas baterias. “Da mesma forma como existe um mercado inteiro dedicado aos pneus de ‘segunda mão’, o mesmo se aplica às baterias, que podem ter sua vida prolongada sem grandes despesas. A bateria de um carro elétrico talvez seja suficiente para abastecer, por um ou dois dias, um domicílio, por exemplo”, diz Lepawsky. Algumas empresas já trabalham com projetos-testes que exploram essa ideia do professor.

Apesar da sobrevida das baterias, o estudo argumenta que, invariavelmente, elas se esgotam, e que a única reciclagem proposta até agora gira em torno do uso de calor para derreter e separar seus materiais. Feitas de metais como manganês, cobre e cobalto, que têm alto valor mercadológico, faz algum sentido aplicar essa técnica.

O problema, porém, é que esse procedimento pirometalúrgico, além de consumir muita energia, recupera materiais de baixa qualidade – e tem como subproduto outros gases tóxicos.

Embora reconheça de que há diversas instituições, startups e fabricantes quebrando a cabeça em busca de uma solução para esse problema iminente, Lepawsky lembra que a falta de um modelo-padrão representa mais um obstáculo. Qualquer tecnologia ou procedimento desenvolvido hoje para lidar com essa questão, precisará ser adaptado a cada caso, porque o design e as especificações de cada bateria variam de acordo com fabricante e modelo.

As montadoras, contudo, dizem que estão fazendo a sua parte. A Tesla anunciou que está desenvolvendo um sistema de reciclagem de suas baterias na fábrica Gigafactory 1, mas não fornece detalhes sobre esse projeto.

A Nissan, que até junho deste ano vendeu, apenas nos EUA, mais de seis mil unidades de seu modelo Leaf, disse que lidera diversos programas globais de reciclagem, inclusive usos de “segunda-vida”.

O porta-voz da fabricante japonesa para o setor de carros elétricos, Jeff Wandell, garantiu ao NeoFeed que seus “revendedores e técnicos estão treinados para manusear as baterias depois de removidas do veículo”.

As baterias do Leaf, um dos modelos mais vendidos do segmento, não têm longevidade assegurada. “A vida útil de uma bateria depende de múltiplos fatores, então não podemos dar apenas um número”, afirma Wandell.

A previsão é de que, até 2025, 97 milhões de carros elétricos sejam vendidos e, com isso, o mercado seja avaliado em US$ 1,5 trilhão, segundo relatório da Wintergreen Research.

Fonte: https://neofeed.com.br/blog/home/o-lado-b-dos-carros-eletricos-a-bateria/

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