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Atendente-robô já serve café em lojas dos Estados Unidos

Na esquina das ruas Bush e Sansome, no coração de San Francisco, Robin serve diversos tipos de cafés para quem trabalha, ou simplesmente passeia pelo distrito financeiro da cidade americana. Espirituoso, ele dança ao som da música que toca na pequena tenda instalada ali para protegê-lo da chuva e acena para os clientes quando lhes entrega suas bebidas. O senso de humor chama a atenção de quem passa por ali e olha com curiosidade para o braço robótico instalado dentro de uma caixa preta de mais de dois metros de altura que prepara as bebidas.

Criado pela startup Cafe X Technologies, o atendente-robô – que tem mais dois “irmãos” instalados em outras partes da cidade – integra uma série de experimentações com o conceito de lojas sem atendentes.

Desde meados do ano passado, a Bay Area (como é conhecida a região de San Francisco e Vale do Silício) ganhou lojas que funcionam assim. A primeira foi a Inokyo, em Mountain View. Na sequência, vieram a Zippin, a Standard Store e a Amazon Go, em San Francisco. Essas concorrentes são automatizadas mas, diferentemente do Cafe X, elas não operam com robôs.

A única que funciona de forma efetiva, no entanto, é a Amazon Go, que já tem duas unidades na cidade. A Zippin está fechada para reforma, enquanto a Inokyo e a Standard operam como showroom de tecnologias que podem ser compradas por outras varejistas. Mesmo na terra da inovação, o conceito ainda está longe de estar provado.

Segundo Pravin Pillai, líder global de soluções de varejo do Google, o tema das lojas sem atendentes tem sido recorrente entre os varejistas na busca por alternativas que permitam reduzir os transtornos enfrentados pelos consumidores dentro das lojas e, com isso, aumentar as vendas. Segundo ele, ainda não há uma resposta única para esse desafio, mas aproximar a experiência do mundo on-line tem ficado mais fácil e barato.

“Com o uso de ‘beacons’ [dispositivos de proximidade via Bluetooth], sensores, câmeras e a análise de dados de imagens estamos começando a encontrar formas de digitalizar as lojas”, disse Pillai em entrevista durante o Cloud Next, evento anual da empresa sobre computação em nuvem. O segmento de varejo é um dos principais para as ambições do Google de ganhar espaço da AWS e Microsoft na disputa por esse mercado.

Na Café X, o pedido pode ser feito nos totens instalados ao lado da máquina, ou pelo aplicativo da startup – quando o cliente faz o pedido pelo totem a companhia, recebe um e-mail oferecendo uma bebida grátis se ele instalar o aplicativo, um mimo para fidelizar e, claro, ter acesso a dados dos consumidores para fins de marketing e inteligência de mercado. O pagamento só pode ser feito usando um cartão de crédito.

Para ajudar quem usa a máquina pela primeira vez, um funcionário da Café X fica por perto. Ele também tem a importante missão de vender bolinhos para acompanhar o café dos clientes, tarefa que Robin ainda não é capaz de fazer. “Seria ótimo, não?”, brinca o funcionário.

Além de Robin, a Café X tem Malcolm e Felipe atendendo em outros dois pontos da cidade. Os nomes fazem referência aos engenheiros da companhia responsáveis pelo desenvolvimento de cada um deles. Criada em 2015, a Café X tem mais de 30 funcionários e já levantou US$ 14,5 milhões de investidores como a Thiel Foundation, do bilionário Peter Thiel, cofundador do PayPal.

No plano de expansão de curto prazo, a companhia vai instalar, no fim do ano, um novo atendente-robô no aeroporto de San Francisco. “Nossa missão é instalar uma densa rede de cafés robóticos ao redor do mundo com ótimo design e uma experiência intuitiva para os usuários, enquanto criamos empregos produtivos no mercado de serviços alimentícios”, disse Henry Hu, cofundador da companhia, por e-mail.

Há dois quarteirões do quiosque onde Robin “trabalha” está uma das duas lojas da Amazon Go na cidade. Os quatro corredores têm em grande parte alimentos preparados para quem quer fazer uma refeição rápida. É possível, inclusive, esquentar alguns pratos em dois micro-ondas instalados logo na entrada da loja. Um segurança e uma funcionária da Amazon ficam por ali, enquanto mais duas pessoas cuidam da reposição dos produtos lá dentro.

Em pouco mais de cinco minutos é possível entrar, pegar o que precisa e sair. Isso se o cliente tiver o aplicativo da empresa instalado. Senão, é preciso adicionar mais um ou dois minutos ao tempo – inclusive usando o Wi-Fi da loja, caso queira. Usando um código QR gerado pelo aplicativo, a catraca se abre. Os itens tirados das prateleiras equipadas com sensores são colocados no carrinho virtual. Se o cliente mudar de ideia, basta colocar de volta que eles são retirados da conta.

As centenas de câmeras instaladas no teto da loja fazem o reconhecimento facial dos compradores e o débito na conta assim que se passa pela catraca. Em cerca de cinco minutos a nota das compras aparecem no aplicativo. É possível fazer comentários ou contestar a presença de algum item.

O fato de lojas como a Amazon Go e a Café X aceitarem apenas pagamentos em cartão tem gerado polêmica sob a perspectiva de que isso pode levar à discriminação de pessoas de menor renda e sem conta bancária. Em março, os Estados americanos da Filadélfia e de New Jersey aprovaram leis que proíbem o funcionamento de lojas que operem dessa forma. A medida está sendo considerada também por cidades como Nova York, Chicago e San Francisco. Na quarta-feira, a Amazon confirmou uma reportagem da rede CNBC que dizia que a companhia tem planos de adotar o pagamento em dinheiro nas dez lojas que já opera e em novas que vier a abrir.

 

Fonte: Valor Econômico

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