Estimativas variam entre 10 mil e 15 mil criptomoedas em circulação, mas é preciso atenção para não cair em golpes

bitcoin é, atualmente, a criptomoeda mais negociada e conhecida do planeta, mas está longe de ser a única. Os levantamentos variam, mas indicam a existência de 10 mil a 15 mil criptomoedas em circulação.

O número é considerado alto por especialistas, mas reflete também uma facilidade crescente de criar uma criptomoeda. O processo, hoje, pode ocorrer em algumas horas e exige poucos recursos.

Nem sempre foi assim, e as criptomoedas originais, caso do bitcoin, demoraram mais tempo para serem construídas, com uma tecnologia criada do zero.

Hoje, porém, essa mesma tecnologia é a base para a expansão desses ativos, ao mesmo tempo em que facilita a realização de golpes e exige atenção dos investidores.

Os métodos de criação

Segundo Gabriel Aleixo, desenvolvedor de novos negócios da empresa de blockchain Hathor, em geral, os métodos de criação de criptomoedas podem ser divididos em três.

O primeiro, e mais antigo, envolve criar uma tecnologia de blockchain própria, do zero e com uma rede própria, o que demanda mais tempo, conhecimento e recursos. Foi esse caminho que a maioria das criptomoedas mais antigas, como bitcoin e ethereum, tomaram.

Entretanto, uma das bases do setor de criptoativos é a ideia da tecnologia aberta. Ou seja, os criadores dessas criptomoedas deixaram os seus códigos de funcionamento com acesso livre. E isso deu origem ao segundo método.

Nele, há uma rede de blockchain própria, responsável por processar transações, mas o código da criptomoeda é uma cópia de outra, com poucas alterações. Os casos mais famosos são o litecoin, criado a partir do código do bitcoin, e uma das primeiras criptomoedas “memes”, o dogecoin. Aleixo resume esse processo a um “remix” de códigos originais.

O mais utilizado, porém, é o mais recente, considerado por muitos como o mais fácil, simples e que exige menos tempo e recursos. Por ele, é possível criar um token, uma definição usada para criptoativos que surgem a partir de outras redes de blockchain, sendo a rede mais comum a do Ethereum.

“Ele surge nas funcionalidades de plataformas já existentes, com um grau de tecnologia que varia de caso em caso. A vantagem é que não demanda criar uma nova rede, e faz isso usando um contrato inteligente, um programa que define como vai funcionar, a quantidade e a distribuição”, diz Aleixo.

O contrato inteligente permite definir todas as características da criptomoeda. O mais comum é que elas não precisem ser mineradas, como o bitcoin, mas sim já surjam com uma quantidade máxima disponível, que vai sendo negociada.

Graças a essa nova forma, a criação de criptomoedas adotou um caráter exponencial. Hoje, para criar uma criptomoeda é preciso “apenas de uma boa ideia”, afirma Fabricio Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin.

“Elas diferem muito do ponto de vista tecnológico, podem ser mais complexas, e até únicas, como foi o bitcoin lá no começo, ou pode ser bem simples, por exemplo, criada em cima de outra plataforma feita para simplificar esse processo”.

Após o nascimento

Edemilson Paraná, professor da UFC, afirma que o processo de criação é simples, mas é o pós-criação que demanda mais esforço e recursos para garantir que uma criptomoeda será um sucesso.

“Quem consegue acertar nessa criação ganha muito dinheiro com relativamente poucos recursos, não exige uma fábrica e centenas de trabalhadores”, diz.

Em geral, as formas mais comuns de alavancar uma criptomoeda envolvem atribuir uma utilidade clara a ela, ligá-la a um evento ou tecnologia, obter declarações de apoio de pessoas famosas ou, então, apresentá-la como uma sátira, caso das criptomoedas memes.

Mesmo assim, é necessário uma certa dedicação para garantir que as pessoas procurem e formem uma comunidade suficientemente interessada no ativo e em sua negociação. “Hoje existe um ecossistema tecnológico, com ideias, para ter uma função, e até investidores-anjo. A ideia é criar e escalar essa criptomoeda. Isso que é difícil”.

Segundo o professor, a maioria das criptomoedas hoje não consegue realizar essa alavancagem, e as que conseguem ficam mais restritas a um nível regional, distantes do alcance das mais estabelecidas, como o bitcoin, o ethereum e o litecoin.

Aleixo afirma que é importante que os criadores das criptomoedas pensem de qual forma querem atrair investidores. Há a perspectiva especulativa, do investimento, que segundo Paraná envolve muitas vezes promessas exageradas de grandes ganhos em pouco tempo.

Mas há também a esfera utilitária. “É algo bem individual. Para alguns pode ser útil, para outros não. Alguns compram bitcoin como reserva de valor em países com inflação alta para preservar poder de compra, por exemplo. Tem que entender o tipo de uso e o período”, afirma Aleixo. Um uso que tem crescido envolvendo criptomoedas, por exemplo, é em metaversos de jogos, como moeda para compras.

Fonte: CNN


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