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A Light encerrou 2022 com um endividamento total de R$ 9 bilhões.

A Light, empresa privada de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica, entrou com um pedido liminar para suspender o pagamento de dívidas. A medida foi ajuizada com pedido de urgência e segredo de justiça.

No pedido de tutela cautelar obtido pelo NEOFEED, a Light informou querer evitar medidas judiciais por credores que possam gerar um “efeito cascata” de cobrança e resultar em “prejuízos incalculáveis” para a empresa e os credores.

O pedido, de acordo com a companhia, visa buscar uma solução com os credores via mediação, com os trabalhos sendo realizados pela Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA).

A companhia encerrou 2022 com um endividamento total de R$ 9 bilhões,um aumento de 22,8% ante 2021. O custo nominal da dívida também cresceu, de 9,9% para 14,4%, com um prazo médio de pagamento de três anos.

No dia anterior, a agência de classificação de risco Moody’s havia rebaixado a nota da Light de B3 para Caa3, ou seja, indicando um alto risco de calote com credores.

“Este anúncio vem com os resultados do ano fiscal de 2022,mostrando ainda mais deterioração na posição de liquidez da companhia em meio a taxas de juros altas e condições de refinanciamento desafiadoras”, escreveu a agência no comunicado, indicando uma taxa de recuperação média para credores entre 65% e 80%.

Assim como a Moody’s, em março, a Fitch Ratings também havia rebaixado a nota de risco da Light em razão da falta de visibilidade da estratégia financeira para as dívidas com vencimento próximo.

Esses dois movimentos aconteceram após a Light contratar a Laplace Finanças, uma empresa paulista fundada em 2010 para realizar a reestruturação do capital da companhia de energia elétrica.

No pedido à Justiça, a Light atribuiu parte dos problemas que vem enfrentando a “perdas não-técnicas”, no caso, furtos de energia e ligações clandestinas. Segundo a empresa, somente em 2021, o prejuízo decorrente de furtos alcançou cerca de R$ 600 milhões e os investimentos que fez para lidar com a situação, que contaram com recursos tomados no mercado, acabaram não surtindo o retorno esperado.

Outro ponto que pesou foi a determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de que a Light devolvesse créditos fiscais relacionados à cobrança indevida de PIS/Cofins dos consumidores finais. A companhia que cumpriu a medida, devolvendo R$ 374,2 milhões no reajuste de 2021 e R$ 1,05 bilhão no reajuste de 2022.

Ao final de dezembro de 2022, houve revisão tarifária extraordinária de 5,89% negativo por conta da devolução. “Para 2023, portanto, há, em tese, montante expressivo a ser ressarcido aos clientes por meio de desconto nas tarifas”, diz trecho do pedido de tutela.

Ela destacou ainda que vem sendo alvo de “rumores de mercado” a respeito de sua situação financeira, afirmando que medidas como a contratação da Laplace foi noticiada com tom sensacionalista.

A empresa ainda criticou a Fitch pela decisão de rebaixar seus ratings, afirmando que este tipo de movimento ocorrem após eventos “concretos, que comprovem a deterioração financeira de uma companhia”.

A Light é mais uma na extensa lista de empresas em dificuldade com as restrições de acesso ao crédito no mercado. Esse cenário piorou após o caso Americanas vir à tona. Pelo histórico recente, o próximo passo da Light deve ser o pedido de recuperação judicial.

DEBÊNTURES DA LIGHT

Nos últimos anos, a Light aproveitou a janela de emissão de dívidas e lançou vários títulos no mercado. Como as debêntures de infraestrutura atreladas à inflação são isentas de imposto de renda, muitos investidores de varejo foram atraídos para o papel.

No mercado secundário, constam, neste momento, 10 debêntures da Light, com vencimentos entre maio de 2023 a outubro de 2028. O título com vencimento em 15 de maio desse ano, por exemplo, que prometia uma taxa IPCA + 5,74%, está sendo negociado com 96% de desconto no valor de face. Com essa dívida, emitida em 2013, a empresa captou R$ 600 milhões.

Privatizada em 1996, a Light promoveu um follow on em 2019, o que pulverizou as ações em circulação no mercado. Atualmente, 70% dos papéis estão com minoritários.

O Fundo Samambaia, de Ronaldo Cezar Coelho, irmão do ex-comentarista de arbitragem da Globo Arnaldo Cezar Coelho, é o maior acionista individual, com 20,01% de participação.

Em agosto do ano passado, o executivo Octavio Pereira Lopes assumiu como CEO da Light no lugar do presidente interino Wilson Poit, que atualmente é o presidente do Conselho de Administração. Lopes havia comandado a Tok&Stok, a Equatorial Energia e a Magnesita Refratários.

Com ação cotada a R$ 2,01 no fechamento de 10 de abril, o papel da Light chegou a ser negociado a R$ 10,05 nos últimos 12 meses. No período, acumula uma perda de 78,9%. Mesmo com uma receita operacional líquida de R$ 12,1 bilhões no ano passado, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 5,8 bilhões em 2022.

Fonte: NeoFeed

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