Administradora do Terminal de Contêineres de Paranaguá aposta em estratégia antiga, o break bulk, para fugir do frete elevado e dos navios lotados.

A pandemia mudou tudo. E exigiu que as pessoas e o setor produtivo mostrassem adaptabilidade e resiliência. Foi o que aconteceu com o setor marítimo. Depois de quase 15 anos, o Terminal de Contêineres de Paranaguá, administrado pela empresa TCP, voltou a operar o sistema break bulk (transporte de carga geral, solta ou fracionada) de madeiras. Uma estratégia assumida diante da escassez de contêineres, do aumento de até 500% nos custos do frete internacional e do desarranjo da cadeia logística mundial. Pouco utilizado desde a década de 1980, o modelo consiste na colocação da mercadoria solta diretamente no porão do navio, sem a necessidade de contêiner, e ajudou a companhia a atingir a receita líquida de R$ 961,5 milhões em 2021, 27,5% superior à de 2020. “Essa opção tornou-se a mais viável”, afirmou à DINHEIRO Thomas Lima, diretor comercial e institucional da TCP.

O preço do frete tradicional teve influência na adoção do sistema. Em 2019, no período pré-pandemia, um exportador desembolsava em média US$ 2 mil para enviar um contêiner de mercadorias aos Estados Unidos. Em meados de 2020, o preço atingiu US$ 10 mil. Aliado a isso, a falta de contêineres vazios e a disputa por espaço nos navios comprometiam o embarque, o que gerava atrasos, além dos congestionamentos nos principais portos mundiais. Como a demanda pelo break bulk é menor, o processo se tornou mais eficiente e menos custoso. Atualmente, o preço de um frete é 30% menor em comparação ao tradicional. No auge da pandemia, chegou a 50%.

“Estão previstos investimentos entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões em diversas ações no terminal de Paranaguá” – Thomas Lima diretor da Terminal de Contêineres de Paranaguá.

A TCP começou os testes do modelo há pouco mais de um ano. Além do sucesso da iniciativa, a companhia tem muito a comemorar. A empresa fechou 2021 com a movimentação de 1,1 milhão de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), crescimento de 12% frente a 2020. A previsão para 2022 também é de alta. Estão programados investimentos na expansão da área reefer (refrigerados) em quase 30%, na ampliação das subestações elétricas e na profundidade do calado operacional, o que aumentará a capacidade em 280 mil contêineres por ano. “O investimento em 2022 deve ficar entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões”, disse Lima. O que mostra que, seja dentro do baú, seja solto no porão do navio, a TCP tem muito espaço a oferecer. E a crescer.

Fonte: Istoé

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