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VW vislumbra expansão de até 10% do mercado no país em 2019

A indústria automobilística prepara-se para um período que tende a efetivamente marcar a volta do setor à normalidade. Em 2019, terceiro ano consecutivo de crescimento, as montadoras planejam criar mais turnos, ampliar o uso da capacidade e elevar o nível de emprego. O presidente da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si, calcula expansão de 8% a 10% no mercado brasileiro de veículos leves, o que significa crescimento em torno de 35% em relação a 2016, quando o setor atingiu o fundo do poço.

Responsável pela produção de 414 mil veículos, o equivalente a 16% dos 2,57 milhões de carros e comerciais leves que deixaram as linhas de montagem do país de janeiro a novembro, a Volks já trabalha a plena carga na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC, e até acima da capacidade na unidade de motores, em São Carlos, no interior paulista. Não há planos de expansão nessas duas fábricas, por enquanto, afirma Di Si. Mas a unidade de São José dos Pinhais (PR), onde há mais ociosidade, passará, em breve, a operar em dois turnos para incluir a produção de um utilitário esportivo, o T-Cross.

De janeiro a novembro, foram vendidos no país 2,24 milhões de carros e comerciais leves no país, uma expansão de 14,2% na comparação com o mesmo período de 2017. A Volks cresceu mais do dobro, com avanço de 35,3% no período. Incluindo caminhões e ônibus, o mercado brasileiro somou 2,33 milhões de unidades, 15% mais na comparação anual. O resultado do mês passado – 230,9 mil veículos – foi o melhor para o mês de novembro desde 2014

A maior oferta de crédito e aumento no nível de confiança do consumidor puxaram as vendas internas em 2018 a um nível inesperado pela indústria. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) começou o ano esperando uma expansão de 11% a 12% no mercado interno. Há um mês elevou a previsão para 13,7%. Mas o acumulado até novembro indica, agora, que o crescimento não será inferior a 15%.

“Os bancos estão com mais apetite para oferecer financiamento e nosso setor vive de crédito”, disse ontem o presidente da Anfavea, Antonio Megale, durante a apresentação mensal dos resultados do setor. Segundo ele, em novembro, as operações com crédito a veículos somaram R$ 11 bilhões e a taxa de inadimplência – 3,4% – foi a mais baixa da história recente do setor.

Fábrica de motores da Volkswagen em São Carlos opera acima da capacidade, afirma Pablo Di Si

Para Megale, a redução no nível de desemprego também estimula o consumidor a trocar de carro. O volume de veículos novos emplacados no mês passado – 230,9 mil unidades – representou crescimento de 13,1% em relação a novembro de 2017. “Se o novo governo conseguir implementar as reformas rapidamente haverá ainda mais otimismo no mercado em 2019”, disse.

A Anfavea trabalha com crescimento de 2,5% a 3% no Produto Interno Bruto em 2019. Para Megale, embora pequena, a expansão da atividade econômica deste ano foi, em parte, puxada pelo setor automotivo. Segundo ele, o resultado das vendas de caminhões ajudam, agora, a indicar que outros setores começam a ganhar força.

Segundo Luiz Carlos de Moraes, diretor da Mercedes-Benz, os modelos pesados continuam a puxar as vendas, o que revela a força do agronegócio e de setores como a indústria química. “Falta vir o varejo e a construção civil para aumentarmos as vendas de médios e leves”, diz. A venda acumulada de caminhões no país este ano avançou 49%. Esta semana, a Mercedes-Benz anunciou a abertura de 600 vagas, inicialmente temporárias.

As notícias não são, entretanto, tão boas, no mercado externo. Uma brutal queda de vendas de veículos na Argentina nos últimos meses teve impacto direto nas linhas de montagem do Brasil. Em novembro, os volumes de exportação encolheram 53%. No acumulado do ano, a retração chega a 15%. Isso provocou uma queda de 1,6% na produção brasileira de veículos no mês passado, que somou 245,1 mil unidades.

No acumulado do ano, porém, ainda há crescimento, de 8,8%. O total de 2,7 milhões de unidades produzidas de janeiro a novembro indica que a produção em 2018 ficará próxima de 3 milhões, o melhor resultado dos últimos três anos.

Conhecedor do mercado argentino, seu país de origem, Di Si prevê que o quadro vai mudar a partir do fim do primeiro semestre por uma série de fatores. Para começar, o câmbio já começa a se estabilizar. Além disso, ele aponta a redução no ritmo de emissão de moeda pelo banco central argentino. “Isso ajudará a reduzir a inflação e as taxas de juros”, destaca.

A volta da demanda argentina ajudará a indústria automobilística brasileira a produzir mais. Há um ano, Di Si disse que estava preocupado com a capacidade de os fornecedores conseguirem acompanhar a expansão da demanda. O executivo diz que isso já não o preocupa. “O Brasil está preparado e o que mais escuto hoje de investidores estrangeiros é que eles estão de olho no país”, afirma.

Megale também crê que a indústria de autopeças está pronta para atender ao aumento de demanda e acredita também num aumento de investimento externo no país. “Há liquidez no mundo de recursos que estão aguardando lugares adequados”, diz.

Para Megale, se o governo eleito fizer o que tem sido anunciado em termos de diminuição do tamanho do Estado e simplificação tributária, a atividade industrial tende a se fortalecer e ampliar o nível de emprego no país.

 

Fonte: Valor Econômico

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